E além de tudo há você
Que é uma distância, um passado
Um desejo pesado
Recalcado e renascido
Em cada instante perdido
Que o tempo não conseguiu apagar
E além de tudo há você
Chuva, adubo a florescer meus sonhos
E além de tudo há você
A quem jamais terei
Embora procure anciosa
Entre os zumbis que enchem as calçadas
Entre os rostos guardados pelas janelas dos ônibus
Um germe no meio da multidão
Só nos bares há vida
E lá não há você
Só nas garrafas há seiva
Capaz de dar vida, voz e nome
A esses bonecos chamados homens e mulheres
Todos sedentos de tudo
Há solução e tristeza na noite
Lágrimas que não escorrem
Vozes que não são ouvidas
Pedidos de socorro em cada olhar
Busca frenética de afeto
Lembranças perdidas
Mas não tão vivas
Há a noite com estrelas e luar
Além de tudo há você
Mas você está além da muralha intransponível
Que marca os limites do possível
(Cristiane Souza Gomes)
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